quinta-feira, 21 de maio de 2015

Tecnologia de Aplicação: Economia de água na Citricultura


Hoje, a agricultura é uma das atividades que mais consome água e como este elemento é cada vez mais escasso em nosso planeta,  vários setores da agricultura buscam alternativas para racionalizar o uso da água em sua cadeia produtiva.
A citricultura no passado, sempre foi conhecida por adotar práticas de pulverizações para controle de pragas e doenças com altos volumes de calda (algo em torno de 5.000 até 8.000 l/hectare). Os produtores diziam que para controlar as pragas, o "veneno" deveria escorrer pelos troncos das plantas. Mal imaginavam eles que estavam jogando dinheiro fora e mais: desperdiçando água e contaminando o meio ambiente com estes excessos de calda aplicada.
Com o passar dos anos (2003 á 2010), várias técnicas foram adotadas com o intuito de melhorar a tecnologia de aplicação para esta cultura. Pesquisadores não tinham valores exatos, porém o que se sabia é que era possível a redução de calda de pulverizações na cultura sem perder a qualidade fitossanitária do pomar.
A grande mudança se iniciou pelos grandes produtores de laranja, que passaram a avaliar as percas de calda excessiva nas pulverizações, conseguindo assim reduzir algo em torno de 30 á 40 % dos volumes que eram praticados. Passamos a ter então pulverizações com volumes em torno de 3.000 até 4.800 l/hectare.

Atualmente, com as novas tecnologias de aplicação que temos, com o apoio de diversas entidades, podemos afirmar que é possível uma economia de até 70 % do volume de calda nas pulverizações sem perder a qualidade da aplicação e controle dos alvos desejados, gerando muito mais economia aos produtores, eficiência operacional da máquinas e redução de custos. Tudo sem contar com o maior ganho para todos: ECONOMIA DE ÁGUA.
Clique aqui e leia uma reportagem da revista Veja sobre o relatório de alerta da ONU sobre uma possível crise mundial de água.
Com o avanço dos estudos, pesquisadores chegaram a conclusão que erroneamente determinávamos os volumes de caldas a serem aplicados em litros/planta, apenas observando o tamanho da planta, quando que o ideal é calcular os volumes por m³ de copa (em ml) para se ter uma cobertura ideal nas pulverizações.
Hoje, é possível então fazer a mesma aplicação de 15 anos atrás com 70% menos água (de 1.500 á 2.500 l/hectare). Muitas empresas não adotam mais o tipo de praga ou doença para realizar suas pulverizações mas sim como alvos internos e externos de acordo com o comportamento de cada praga ou doenças que for tratar.
Vejamos alguns exemplos :
Alvo Interno:Ácaro da Leprose, Ácaros desfolhadores, Pinta Preta, etc.
Alvo externo: Ácaro da Falsa Ferrugem, Psilideos, Moscas, Minador dos Citros, etc.

Para se ter um bom controle em Alvos Internos recomenda-se uma aplicação de 80 até 120 ml/m³ de copa, ou seja, para uma planta que possui 40 m³ aplica-se de 3,2 á 4,8 litros de calda que representará algo em torno de 1600 á 2500 l/hectare em plantio com densidade de 520 plantas/hectare.
Já para Alvos Externos recomenda-se de 40 até 70 ml/m³ de copa.

Para saber em qual faixa de volumes iremos adotar, vai depender de fatores climáticos e volume de folhas das plantas. "Uma planta em um período vegetativo precisamos usar um volume maior por exemplo". Para avaliar se o volume escolhido está adequado, temos algumas ferramentas que podemos utilizar, uma delas é o papel hidro sensível, instalando-o no meio da planta e avaliando se o volume de gotas está adequado. Veja como fica uma papel hidro sensível ideal abaixo:



Outra forma de avaliar se a pulverização está com um volume adequado é estendendo uma lona embaixo de uma planta e pulverizá-la com a regulagem e volume escolhido, fazer a coleta e medir a calda que a planta  jogou na lona; quando haver um desperdício acima de 500 ml, nos indica que ainda é possível reduzir o volume de aplicação.

Vejam neste link uma reportagem realizada recentemente falando sobre redução nos volumes de calda na citricultura.
Abraços a todos e até a próxima!



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